Depois de mais de quatro décadas sob os cuidados do Zoológico Municipal Quinzinho de Barros, em Sorocaba, o elefante asiático Sandro poderá ter um novo destino. A Justiça determinou nesta quarta-feira (23) a transferência do animal para o Santuário de Elefantes do Brasil (SEB), localizado na Chapada dos Guimarães (MT), em um prazo máximo de 45 dias.

A decisão marca o desfecho de um debate que se arrastava há anos, com divergências entre especialistas, autoridades, ONGs de defesa animal e a própria população sorocabana. Em 2022, uma tentativa de retirada foi barrada pela Justiça, sob argumento de que, apesar da idade avançada, Sandro vivia em “condições adequadas” no zoológico. Mas o tempo passou — e com ele, novos olhares e exigências se impuseram.

Um gigante solitário

Com 53 anos, Sandro carrega mais do que o peso imponente de um elefante asiático — ele carrega a memória viva de gerações de visitantes que o conheceram ao longo de 43 anos. É o único elefante macho asiático em território brasileiro e o residente mais longevo do zoológico sorocabano.

Mas a idade e a solidão passaram a pesar. A nova decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) baseou-se em uma ação civil pública movida em 2025, que resultou na solicitação de uma nova perícia técnica para avaliar as condições físicas e emocionais do animal. O resultado foi conclusivo: Sandro está apto para a transferência, desde que esta seja realizada com todo o rigor técnico exigido para um mamífero de seu porte e histórico.

Uma mudança planejada nos mínimos detalhes

A ordem judicial estabelece uma série de exigências para o deslocamento do elefante, que exigirá uma operação quase cirúrgica. Entre elas estão o acompanhamento de um veterinário especializado em grandes mamíferos, aclimatação ao contêiner de transporte, rotas com menor índice de trepidação, pausas estratégicas e um plano logístico robusto, incluindo alimentação e hidratação monitoradas.

Todos os procedimentos deverão ser documentados, sob pena de multa diária de R$ 2 mil em caso de descumprimento, valor que pode chegar a R$ 300 mil no total.

Prefeitura se manifesta: “Sandro está bem aqui”

Em nota, a Prefeitura de Sorocaba declarou que ainda não foi formalmente notificada sobre a decisão, mas já estuda entrar com recurso. O governo municipal alega que Sandro é bem tratado no zoológico, e que sua retirada pode, na verdade, representar um risco para sua saúde e estabilidade emocional.

E agora, Sorocaba?

A notícia gerou comoção entre moradores e protetores de animais. Para uns, é o fim de um ciclo solitário e o começo de uma vida mais livre e social em meio à natureza. Para outros, é o risco de se afastar de um ambiente já conhecido e de profissionais que, ao longo dos anos, se tornaram família.